Apesar de ainda gerar controvérsia no que se refere à eficácia, a utilização da homeopatia para tratamento de doenças em animais criados comercialmente ganha espaço no País, com redução de custos em medicamentos e nos índices de mortalidade. Depois de conquistar novos adeptos na bovinocultura nos últimos seis anos, esta técnica alternativa de manejo chegou também à suinocultura. Entre as pioneiras nesta atividade está a Granja Querência, de Salto (SP), que adotou a homeopatia desde 2001.
Conforme pesquisas, além de reduzir custos na compra de antibióticos e promotores de crescimento, a granja, com mil matrizes e 10 mil suínos, registrou melhora no ganho de peso, de 604 para 628 gramas/dia, o que permitiu reduzir a idade de abate de 152 para 146 dias.
“Empregar a homeopatia não significa que nunca iremos usar medicamentos convencionais”. Os medicamentos alopáticos foram substituídos pelos formulados a partir de plantas, minerais e frutos do mar, que são ministrados em pequenas doses. Quando o tratamento é destinado a todo rebanho, para cada tonelada de ração são acrescentados 12 ml , ao custo de R$ 0,06 o ml.
“Não é uma coisa milagrosa, mas vale pena”, diz o proprietário da Granja Querência, Webber Wecchia, que ainda não definiu a estratégia de marketing para capitalizar no preço de venda o método de produção. O argumento para vender a carne produzida sem medicamentos alopáticos a um preço melhor é de que há controle sobre resíduos químicos.
Apesar dos opositores quanto à eficácia, a veterinária e bióloga Maria do Carmo Arenales, que pesquisa o uso da homeopatia no tratamento de animais há 22 anos, diz que 1% do rebanho bovino brasileiro já é tratado com esta forma de manejo e que ela também crescerá na suinocultura.
Para medir a participação de mercado da homeopatia na criação de gado, ela contabiliza o número de doses que seu laboratório de manipulação, o Fauna & Flora Arenales, produz. Ele atende 5 mil propriedades no Brasil, praticamente todas dedicadas à bovinocultura. Além desses clientes Maria do Carmo possui 50 representantes no País, que revendem seus produtos.
Ela diz que demorou 11 anos e quatro meses para conseguir alvará do Ministério da Agricultura para o laboratório, o que aconteceu em dezembro de 2000. Antes os medicamentos para uso veterinário eram produzidos em laboratórios homeopáticos para pessoas. No portfólio destinado à suinocultura estão itens como os destinados ao controle de sarna, para prevenir anemia, para o incremento da engorda e para facilitar partos.
Entre os defensores da técnica está o suinocultor Marcos Guzzi, dono de uma granja com 3,5 mil suínos em Videira (SC). Produtor no sistema integrado com a Cooperativa Central Oeste Catarinense (Aurora), ele adotou a homeopatia em 1998. O custo dos medicamentos é praticamente o mesmo, mas o lucro da atividade melhora. Entre as principais vantagens ele cita a redução dos índices de mortalidade.