As dificuldades em atender as exigências do mercado externo não desanimam o produtor mineiro, que continua apostando nos benefícios da rastreabilidade do rebanho para oferecer carne de qualidade. Com o apoio do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), que incentiva a certificação entre os produtores do Estado, Minas já possui o maior número de propriedades capazes de fornecer animais para frigoríficos exportadores para a União Europeia: das 1.371 fazendas aptas em todo o país, 530 estão localizadas em território mineiro.
Segundo a coordenadora do programa de rastreabilidade do IMA, Terezinha Porto, no ano passado o instituto auditou 645 propriedades. Em 2009, foram mais 267 e, até o final do ano, a meta é alcançar mil propriedades.
Além de gerar uma melhor gestão da propriedade, o resultado mais promissor é a diferença obtida no valor do animal, que atualmente gira em torno de R$ 6 a mais por arroba. “Eu acho que o futuro é este, uma propriedade mais organizada, sanidade do rebanho, instalações adequadas para o manejo e mais aceitação no mercado”, avalia o produtor José Augusto Alves, dono da fazenda Ribeirão/Recanto dos Bois, em Patos de Minas, no Alto Paranaíba.
Alves obteve a certificação em 2009 e conta que estava muito entusiasmado com o valor da diferença, que chegou a ser de até R$ 18 em outubro do ano passado. Com a crise e a queda nas exportações a diferença caiu, mas não desanimou o produtor. “O mais difícil foi conseguir alinhar toda a documentação e, para isso, contei com a orientação do IMA”, afirma o produtor.
A opinião é compartilhada pela responsável técnica da Arroba Certificadora, Daniela Faria Sousa Pereira. Ela explica que o principal e primeiro obstáculo é a questão da documentação. Acostumados a tocar a propriedade de maneira informal, ao buscar a rastreabilidade o produtor se dá conta de que precisa ter informações precisas e idênticas nos órgãos estaduais e federais.
Vencida a dificuldade inicial, a técnica informa que o processo de certificação dura, em média, dois meses. E apesar do custo da certificação ser mais alto para o pequeno produtor, cerca de R$ 20 por cabeça, do que para o grande, em torno de R$ 5, o valor agregado não perde a atratividade.
A tendência é que a rastreabilidade alcance cada vez mais propriedades, avalia Daniela. Em maio, um termo de ajuste do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) pode beneficiar produtores que estavam prestes a obter a certificação e desistiram em função do embargo em 2008. “Temos 44 propriedades aprovadas na lista da União Europeia, tem quatro aguardando a auditoria do IMA e pelo mesmo outros 40 produtores podem voltar a integrar a lista da UE, e já manifestaram interesse em retomar o processo”, informa.
Para a responsável técnica da Rastro do Boi Certificadora, Cristiane Cunha, o pequeno produtor, apesar de ter um custo mais alto, mantém o interesse pela certificação, por ser exigência do mercado externo e agregar valor ao produto. A empresa certificou 54 propriedades, sendo que outras três aguardam a vistoria final pelo IMA. Sediada em Patos de Minas, a Rastro do Boi atende propriedades no Alto Paranaíba, Norte e Noroeste de Minas.
Processo de certificação
A certificação atesta a conformidade dos processos de produção e identificação de bovinos e bubalinos previstos em norma do Mapa, ou seja, o papel das Certificadoras é atestar se a propriedade está conforme, se os animais estão devidamente identificados, se possui controle das movimentações de entrada e saída, mortes e nascimentos de animais, se está sendo registrado o controle dos insumos, com ênfase aos produtos farmacêuticos de uso veterinário e o controle sanitário. Para isso, cada Estabelecimento Rural Aprovado no SISBOV (Serviço Brasileiro de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos) possui um livro registro, que documenta todos os itens que envolvem a produção destes animais.
A coordenadora Terezinha Porto explica que após<