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A pecuária orgânica prevê crescimento de 30% ao ano

22-11-2010 |

A pecuária orgânica prevê crescimento de até 30% ao ano, impulsionada pelo aumento do consumo e pelo início das vendas da carne in natura para restaurantes e açougues especializados. Dentro desse sistema, o boi é criado sem a utilização de químicos na alimentação – baseada apenas na pastagem – até o processo de abate. Por essa razão, em média, a carne orgânica é mais cara que a tradicional devido aos diversos certificados de qualidade e criação exigidos de seus produtores. “Não usamos nenhum produto químico, nem no boi, nem no adubo e nem no pasto”, diz o produtor José Geraldo de Freitas.

O preço da carne orgânica pode ser, algumas vezes, até 100% mais caro que o valor tradicional. Já os cortes menos nobres podem chegar a 20% do valor. “Não conseguimos vender o boi inteiro como orgânico. Algumas partes, como a carne de segunda, que é pouco consumida por classes mais altas, têm um consumidor diferente, que costuma não se preocupar tanto com os fatores ambientais que circundam a prática orgânica. Por isso, diversas vezes ela acaba sendo vendida como carne normal”, afirmou Vicente Zuffo, diretor de carnes da JBS.

O Brasil possui atualmente 50 mil cabeças de gado orgânico e mais 25 mil esperam para serem certificados. O volume de abate gira em torno de 30 cabeças por dia, chegando a 12 mil por ano. Segundo Henrique Balbino, presidente da Associação Brasileira de Pecuária Orgânica do Mato Grosso (ABPO), esse número já foi maior, entretanto as restrições à importação da carne brasileira reduziram pela metade a capacidade de produção. “Hoje abatemos 12 mil animais por ano, esse numero já foi maior, chegando a 24 mil. Depois do fechamento de alguns mercados internacionais por conta da febre aftosa, nosso volume de exportações é pequeno”, conta Balbino.

O boi orgânico é bem diferente do conhecido boi verde que, apesar de grande parte da sua alimentação ser baseada em pastos, não passa por qualquer controle sobre o uso de produtos químicos desde a pastagem até os medicamentos. O produtor afiliado da ABPO, José Geraldo de Freitas, comentou que o boi verde fica confinado durante 100 dias no ano, com uma alimentação nem tão verde assim. Já o boi orgânico em nenhum momento deixa de pastar, alias, até a pastagem precisa ficar longe de produtos químicos.

“Nós temos um protocolo de ação que é um pouco mais rigoroso que a lei e o associado é obrigado a seguir. O pasto é nativo do Pantanal e o alimento do animal é somente isso. Medicamentos só com muito controle e, na maioria das vezes, o homeopático”.

Em relação ao tempo para o abate, o boi orgânico pode levar quase quatro anos para o abate, ante os três anos do boi tradicional. O peso do animal com tratamento natural chega a ser 15% menor. Segundo a JBS, “o volume de abates desses animais não representa nem 0,1% do total de abates do País, mas se chegar a 1% já será uma vitória”.

A novidade fica por conta das vendas in natura, que começaram apenas no começo deste ano, com a abertura de um açougue em Jundiaí (SP), especializado na venda de carne orgânica. “Além deste, estamos conversando com empresários interessados em abrir restaurantes orgânicos, baseando toda a carne comprada com a JBS. Antigamente só vendíamos carne a vácuo”, finalizou o diretor da JBS.

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