A adoção de boas práticas de produção na fazenda é encarada, cada vez mais, como um investimento pelo pecuarista e representa muito mais do que apenas o manejo dispensado ao rebanho. “A adoção de boas práticas agropecuárias (BPA) é um investimento, pois aumenta a rentabilidade do sistema de produção”, diz o pesquisador Ezequiel Rodrigues do Valle, da Embrapa Gado de Corte.
O gerente de pecuária Henrique Rossignolli, da fazenda Santana do Rio Abaixo, em Jacareí (SP), cujo plantel é de 1.500 cabeças, conta que, na fazenda, todo o manejo é voltado ao bem-estar animal. “Os funcionários são capacitados para lidar com o rebanho, há áreas sombreadas para os animais descansarem, pastos e piquetes têm sistemas de água e ração em cochos separados e, durante o ano todo, há pastagem de excelente qualidade”. Quanto à sanidade, o rebanho é vacinado conforme determina a Secretaria de Agricultura. “Quando o animal nasce já ganha um relatório sanitário”.
Monitoramento
A questão ambiental é item “novo” entre boas práticas, mas já faz parte do dia-a-dia na fazenda, diz o gerente. “Temos um sistema de monitoramento dentro da fazenda, que impede, por exemplo, caça e pesca predatórias e queimadas”.
O criador e selecionador de gado Gabriel Luiz Seraphico da Silva, da fazenda Bacuri, em Barretos (SP), possui cerca de mil animais e também aderiu às boas práticas agropecuárias. Para garantir um controle cuidadoso do processo produtivo, com foco no bem-estar animal, Silva diz que investe, principalmente, no treinamento de peões. “Temos uma infra-estrutura adequada, tecnologia e bons animais, mas nada disso tem valor sem funcionários capacitados”, diz. Na Bacuri, a questão ambiental é levada a sério. “Temos áreas de bosques, onde o gado fica muito confortável, e reflorestamentos margens de córregos”.
Conforme a assessora técnica Christiane de Paula Rossi Carvalho, da Federação de Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), o fato de as BPA serem vantajosas estimula sua difusão entre os produtores. “A idéia é a de que o criador seja remunerado por adotar tais práticas, que, ás vezes, cumprem até mais do que os mercados exigem”.
Para Rossignolli, a adoção de boas práticas é uma necessidade para manter a competitividade no mercado. “É um investimento”. Segundo o pesquisador Valle, “por enquanto, a adoção de boas práticas não garante ganhos fora da porteira, mas prepara a fazenda para atender a mercados mais exigentes.”