Preocupados com a qualidade da alimentação que colocam na mesa de casa, cada vez mais líderes de famílias brasileiras recorrem aos produtos orgânicos, conhecidos também por “produtos verdes”. Essa mudança nos hábitos revela um crescimento de 30% ao ano da produção orgânica, de acordo com dados do Instituto Biodinâmico (IBC), reconhecido internacionalmente. O percentual deixa o país em segundo lugar entre os maiores produtores mundiais, com aproximadamente 6,5 milhões de hectares de terras com “produção verde”.
A advogada Lorena Varjão Vieira representa bem essa parcela da sociedade que incorporou nos hábitos de sua família a ingestão de produtos orgânicos. Ela começou comprando alfaces e hoje já enche parte do carrinho do supermercado com variedades de frutas, legumes, açúcar, café, sucos, entre outros itens. Para ela a escolha pelo alimento tem sido feita principalmente pela maior preocupação com a saúde. “Em seguida pela prevenção do meio ambiente e, por último, pelo sabor”, afirma.
Antenadas a essa nova realidade e exigência do consumidor, as redes de supermercados se adaptam as exigências dos clientes e ampliam as seções nas unidades voltadas para os alimentos. São frutas, legumes, hortaliças, leite, carnes, mel, produtos cosméticos, limpeza, enfim, o que a sociedade imaginar hoje em dia é possível encontrar nas prateleiras.
Há três anos investindo nessa seção, a rede de Supermercados Modelo comercializa cerca de 100 itens dos “produtos verdes” em todas as suas 14 lojas. Ao longo desse período a procura pelos alimentos cresce 20% ao ano, resultado que leva o supermercado a pretensão de aumentar em 100% o espaço destinado a eles.
Segundo o gerente de Compras e Perecíveis do Modelo, Valter Yamaguchi, os consumidores procuram cada vez mais os produtos orgânicos, pois buscam cuidar melhor da saúde humana e ao mesmo tempo proteger o meio ambiente. Porém, o grande vilão para que a comercialização faça parte da mesa da maioria dos brasileiros são os preços, que chegam a ser 30% mais caros que os tradicionais.
Valter acredita que para este cenário mudar depende do próprio consumidor, visto que se incentivarem o consumo dos orgânicos, o aumento da produção, em longo prazo, resultará em produtos mais baratos. “Consequentemente mais clientes poderão adquiri-los”, explica.
RISCO DOS AGROTÓXICOS
Um estudo recente da ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária -, em 17 tipos de frutas, verduras e legumes revelou que 15,29% possuem resíduos de agrotóxicos proibidos ou além do permitido por lei. Após a divulgação do levantamento, em abril, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, fez um alerta à população sobre os cuidados que devem ser tomados para evitar a contaminação. Uma das alternativas apontadas pelo ministro foi o consumo de alimentos orgânicos.
Na pesquisa, o pimentão foi o recordista, com 64% das amostras contendo resíduos de agrotóxicos. Em seguida estão morango, cenoura e uva, que possuem índices de irregularidades superiores a 30%. De acordo com a nutricionista do Modelo, Ana Maria Lima, a presença indiscriminada de produtos químicos para o combate de pragas pode causar prejuízos à saúde do produtor e do consumidor.