Por SABRINA ALVES
NATURAL// Considerado um tratamento barato, eficiente e sadio para controlar várias doenças do gado, muitos criadores vêm adotando o método como alternativa no tratamento dos animais de seus planteis.Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) apontam que existem hoje no Brasil, mais de 200 milhões de bovinos. Cerca de 80% do rebanho é composto por animais das raças zebuínas, o que acarreta ao país o título de maior rebanho comercial do mundo.
Desses números, 2% dos animais são tratados exclusivamente com medicamentos homeopáticos. Esse trabalho é realizado pela médica veterinária homeopata Maria do Carmo Arenales que se dedica exclusivamente a Homeopatia Animal. Segundo ela, os resultados podem ser imediatos e muito satisfatórios. Arenales cita que não há diferença no manejo, e os animais podem ser criados livres ou confinados na terminação, caso necessário. “Recomenda-se os medicamentos homeopáticos para todo o ciclo de vida dos zebuínos e se estiverem em risco de produção, são indicados os alopáticos ou fitoterápicos”, explica a veterinária que ressalta que todo o tratamento deve ser realizado com “muito critério e esperando com rigor o período de carência”.
Todo o tratamento deve ser iniciado após o planejamento das doses por categoria do plantel podendo ser inserido em qualquer fase do Zebu. “O Manejo Homeopático trata-se de uma ferramenta na viabilização da sanidade do gado. Controla endo e ectoparasitas de forma a atingir apenas os parasitas alvos, e não atingir os predadores e outros organismos vivos que entrarem em contato com os medicamentos dinamizados.” Diz.
Considerada como a grande vilã da produtividade leiteira, a mastite, assim com outras patologias também pode ser tratada pela homeopatia uma alternativa sustentável. “Podemos definir a ciência homeopática como sustentável por ser extremamente conservadora da homeostasia do organismo, ou seja, sustenta, mantém, ampara, alimenta, conserva o equilíbrio dinâmico da saúde existente em todas as formas de vida, seja animal ou vegetal. Além de ser uma medicina curativa e também preventiva”, lembra.
Desenvolvida há mais de dois séculos, por Samuel Hahnemann, na Alemanha, a Homeopatia frisa a existência de energia vital. “Desde o momento que esta energia, por algum motivo, se desequilibra, aparece a doença. O medicamento homeopático é derivado de substâncias existentes na natureza, podendo, estas, ser de origem animal, vegetal ou mineral. Essas substâncias são diluídas, ou seja, são processadas manualmente ou por aparelhos, sendo agitadas, de forma a liberar energia, e é essa energia justamente que confere aos medicamentos seu poder de curar”, aponta Arenales.
Responsável pelo primeiro laboratório veterinário homeopático brasileiro, Arenales avalia os benefícios da introdução no manejo homeopático. Entre esses pontos está a preservação do meio ambiente. “A sustentabilidade desta ciência é demonstrada através de parâmetros, entre esses promover um alimento de origem animal com resíduos controlados: ser uma ferramenta na sanidade dos animais e vegetais de produção orgânica, dentre outros”.
Ela ainda lista outros pontos positivos com da utilização desta ciência: “O mesmo se aplica para o boi verse, ou seja, animais criados a pasto, recebendo exclusivamente alimento de origem vegetal; efetivo no controle de carrapatos, moscas do chifre, moscas domésticas, moscas do estábulo, bernes, vermes, coccidiose ou eimeirose e cisticercose. Controle da Stomoxys calcitrans, denominada de mosca do estábulo, mosca do canavial, mosca da fruta, entre outras denominações. Reduz o estresse e a perda de peso e produção causada pelo ataque violento destas moscas; preservação da fauna e da flora nativa, evitando alterações nas cadeias ecológicas de insetos e predadores naturais; é considerada uma grande vantagem para transformação e preservação do bioma, ajudando inclusive a intensificar o manejo homeopático; alta tecnologia de ponta, ao tratar as doenças do rebanho intervindo positivamente no desempenho econômico”.
A veterinária aponta também a satisfação entre os pecuaristas que adotam a homeopatia do cotidiano. “Essa redução nos custos diminui significativamente o gasto com medicamentos veterinários de uso veterinário, além de incrementar a produção de carne, leite; fertilidade do rebanho; novas tecnologias da reprodução com os fatores homeopáticos sendo utilizados em receptoras, doadoras e inclusive em touros.
E mais, aumenta a imunidade dos recém-nascidos, assim como reduzir óbitos; vigor é a voz corrente nas propriedades ao reduzir as diarreias e pneumonias; trata efetivamente a mastite, patologia do casco, papilomatose, intoxicações diversas, inclusive aquela causada por ervas tóxicas e brachiarias”. Arenales completa ressaltando a redução do cortisol, com isso o controle do estresse dos animais. E por fim, um couro de excelente qualidade.
Alternativa Sustentável
“Cerca de seis milhões de toneladas de agrotóxicos, anualmente são despejados no planeta, contaminando o solo e água, os animais e vegetais. Consequentemente toda contaminação e os efeitos residuais se voltam contra o ser humano”, mostra. Para a veterinária, é nesse ponto que entra os homeopáticos que determina ao produtor um aumento em seus lucros, pelo incremento da produção que segue aliado a uma consciência crescente da população sobre os malefícios que uma alimentação com resíduos tóxicos ocasionam na saúde.
“A grande realidade, amarga, que temos em nosso passado recente é o famoso mal da vaca louca, quando de forma imprudente, fizemos um animal eminentemente herbívoro como os bovinos, se alimentar de restos de frigorífico. Desta forma, muito mais que carnívoros, provocamos neles o canibalismo. A revolta da natureza foi fatal: o surgimento de uma estrutura viva denominada ‘prion’, que causa danos fatais e irreversíveis nos bovinos. O mais dramático desta situação criada pelo ser humano, e que se trata de uma zoonose fatal, ou seja, doença que é transmitida ao ser humano e não tem cura”, avalia.
Maria do Carmo Arenales, completa dizendo que as embalagens dos produtos são feitas de plástico recicláveis, garantindo descarte sustentável, o que não causa agressão ao meio ambiente, ao contrário de alguns medicamentos que são comercializados em vidros ou embalagens que causam impacto ao serem rejeitados.
Das pequenas as grandes propriedades
O Uso da homeopatia não está associado a um único grupo de usuários. Dentre as pequenas até as grandes propriedades o seu uso é encarado como uma alternativa lucrativa e resultante. Como é o caso do pequeno produtor leiteiro Alberto Sitolino. De forma simples, ele cria dez vacas leiteiras e algumas novilhas, em sua chácara localizada na cidade de Presidente Prudente, interior do estado de São Paulo, e já adotou o uso de homeopatia com uso preventivo.
“Eu passei a usa homeopatia há dez anos, quando chegou aqui na minha cidade. Não tenho dúvidas quanto a melhoria. Antes eu passava remédios fortes, que chamamos de carrapaticidas, e hoje, com o uso preventivo da homeopatia, quando tem algum carrapato acaba caindo rapidamente”, diz o criador.
Ele aponta ainda que os benefícios são nítidos, e que todos que consomem o leite produzido na sua propriedade, de forma natural, falam sobre a diferença no sabor. “Todo mundo que toma o leite sente a diferença. A gordura é diferente e o sabor, ninguém questiona, é outra coisa!”, pontua.
Fonte: Revista Pecuária Brasil – Agosto/Setembro 2014 – 2ª edição