Ainda considerado um tratamento novo na produção animal, a homeopatia vem sendo bastante recomendada para a criação de cavalos, especialmente aos animais atletas.
A médica veterinária e homeopata Maria do Carmo Arenales, umas das mais estudiosas especialistas e pioneiras da aplicação da terapia em animais no Brasil.
O Brasil possui o maior rebanho de equinos na América Latina e o terceiro mundial, segundo estatísticas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Somados aos muares (mulas) e asinos (asnos) são mais de 8 milhões de cabeças, movimentando R$ 7,3 bilhões, somente com a produção de cavalos. O rebanho envolve mais de 30 segmentos, distribuídos entre insumos, criação e destinação final e compões a base do chamado Complexo do Agronegócio Cavalo, responsável pela geração de 3,2 milhões de empregos diretos e indiretos.
A maior população brasileira de equinos encontra-se na região sudeste. Logo em seguida aparecem as regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Norte. Destaque para o Nordeste, que além de equinos, concentra o maior registro de asininos e muares.
Para tratar e cuidar da saúde destes animais, a equinocultura brasileira moderna vem lançando mão de diversas técnicas e tecnologias que envolvem medicamentos e terapias de ponta, manejo adequado e nutrição balanceada. E uma dessas terapias avançadas é o uso da homeopatia na criação de cavalos. “Nos preconizamos a saúde animal utilizando um manejo que confira aos animais qualidade de vida, vigor e otimização de suas aptidões, ou seja, competições diversas, reprodução, serviço de campo, lazer, terapias, entre outros”, diz a médica veterinária homeopata, bióloga e engenheira agrônoma, Maria do Carmo Arenales. “ Dessa forma, objetivamos que a produção, o manejo adequado e o treinamento, aliados a uma alimentação equilibrada, sejam a solução encontrada para somarmos com os fatores homeopáticos utilizados na equinocultura, resultando em saúde e bem-estar”.
A homeopatia é uma ciência criada pelo médico alemão Samuel Hahnemann, em 1796. A técnica utiliza o principio da semelhança, através de estudos e experimentações de medicamentos dinamizados, onde se obtinha a energia dos princípios ativos. “A diferença é que, por se tratar de um medicamento dinamizado (energético), não possui caráter tóxico nem efeitos colaterais”, explica Maria do Carmo. “A homeopatia vem sendo utilizada mais sistematicamente na medicina veterinária do Brasil desde a década de 1980 e seu o crescimento e sua eficácia têm sido surpreendentes”.
Segunda a veterinária, trata-se da utilização de medicamentos preparados a partir de substâncias animais, vegetais, minerais ou tecidos doentes (nosódios). “ Na dinâmica desta preparação, a matéria oriunda já dinamizada impregna as moléculas da sacarose, suas impressões energéticas, sem alterar sua forma química. A homeopatia medica com substâncias inócuas em termos químicos”.
Apoiada em leis naturais e imutáveis e, portanto, aplicáveis tanto em seres humanos como em animais, a homeopatia vem conquistando adesão de u m número cada vez maior de profissionais da saúde.
Na equinocultura, sua aplicação junto aos cavalos atletas é um bom exemplo deste movimento crescente. “O tratamento, aliado ao treinamento, alimentação e manejo adequado, protege as estruturas envolvidas no esforço como músculo, ossos, ligamentos e sistema cardiovascular do cavalo. Dessa forma, potencializa a sua genética”, destaca a veterinária.
Confira a seguir, alguns pontos que a veterinária Maria do Carmo Arenales assinala e compara sobre a utilização da homeopatia na criação de cavalos.
Manejo sanitário com a homeopatia
“O manejo sanitário deve ser elaborado para atender as necessidades e as normas da espécie. Na criação a campo de equinos utilizar ou não a alopatia (antibióticos, vermífugos orais, banhos carrapaticidas etc.) no início do período de introdução é critério de responsável técnico. Muitas vezes, a pastagem está seriamente infestada de carrapatos e, desta forma, é necessário retorar gradativamente os produtos químicos utilizados até a as interrupção total. “Equinos responde prontamente aos fatores homeopáticos, que devem ser administrados na dose correta”.
Tratamento para diversas patologias e ciclo de vida na equinocultura e o cavalo atleta.
Os cavalos são animais sensíveis na experiência com fatores homeopáticos. Não existe dificuldade na introdução deste tratamento que atinge ao controle de carrapatos, moscas domésticas, moscas de estábulos, verminoses, coccidiose (eimeiriose), ou seja, o controle de endo e ecto parasitos, que muitas vezes agridem os animais com intoxicações ou causam resistência aos parasitos. Este foi um desafio inédito aos fatores homeopáticos!
Outro grande aliado é a ferramenta ao cavalo atleta. Aliados à nutrição, treinamento e genética, formarmos campeões. Importante frisar que os medicamentos por serem desprovidos de resíduos preservam o fígado, a maior glândula e importante órgão para a manutenção dos equinos. Finalmente, no ciclo de vida atuamos intensificando os nutrientes advindos da ração, sal mineral e pastagens. A fertilidade através de regular a ação dos ovários e reduzir abortos e otimizar o ciclo reprodutivo. No parto, facilita e reduz partos distócicos. Os Fatores homeopáticos são utilizados em doadoras e receptoras. Para os garanhões, Fator Viril, agindo na virilidade e desempenho. Atuam em infecções bactérias, viróticas e micóticas, no estresse de transporte, treino, apresentações, competições de larga ou curta duração. Lembre-se: carência zero. Sem resíduos! Na cólica agem como curativo ou preventivo. Vigor é prontamente observada após a introdução do manejo homeopático.
Ação rápida e eficiente
“Existe uma falsa crença que sugere que os fatores homeopáticos são de ação lenta, razão pela qual o tempo da resposta do organismo para com o remédio deixaria a desejar. Na verdade, esse é um preconceito gerado por uma desinformação popular, que muitos contrários à homeopatia gostam de divulga.
Já está comprovado que o tempo de reação do organismo é proporcional ao tempo de afecção: se estivermos diante de um processo agudo instalado em pouco tempo (por exemplo, uma pneumonia) teremos a resposta em poucas horas. Porém, se a afecção estiver instalada há anos, revelando-se um processo crônico (como uma artrose crônica), teremos a resposta do organismo em algumas semanas e a cura instalada em meses, dependendo de cada caso”.
Facilidade e palatabilidade
“A facilidade de administrar o medicamento homeopático é outra vantagem que deve ser considera pelo veterinário, pois, os fatores homeopáticos são preparados com sacarose, que é especialmente agradável aos equinos e podem ser administradas através do alimento, sal mineral ou da água”.
As vacinas
“As vacinas são também uma grande ferramenta e jamais negligenciadas. No entanto, os fatores homeopáticos reduzem o impacto das vacinas nos animais, que sofrem também de patologias causadas pelo estresse das vacinações denominadas vacinoses. A utilização criteriosas de vacinas, aliadas à homeopatia, fazem com que os animais respondam biologicamente a elas, potencializando sua eficácia”.
Biosseguridade
“No controle de infecções que acometem a saúde de um plantel, seja em propriedades de reprodução ou treinamento e competição, devemos priorizar a saúde dos animais como um todo. Métodos preventivos devem ser sistematicamente utilizados e os fatores homeopáticos também representam uma ferramenta na prevenção de endo e ectoparasitos e patologias infectocontagiosas. O Médico veterinário deve conhecer os benefícios da homeopatia com suas indicações em tratamento curativo, preventivo e no incremento do potencial de seu cavalo”.
Bem-estar animal
“De acordo com o Brom (1986), bem-estar é o estado do organismo durante as suas tentativas de se ajustar com o seu ambiente. Segundo Broom e Johnson, há varias implicações dessa definição, das quais se destacam:
- Bem-estar é uma característica de um animal, não é algo que pode ser fornecido a ele. A ação humana pode melhorar o bem-estar ao proporcionar um recurso ou uma ação.
- Bem-estar pode variar entre muito pobre e muito bom. Não podemos simplesmente pensar em preservar e garantir o bem-estar, mas sim em melhorá-lo ou assegurar que ele é bom.
- Bem-estar pode ser medido cientificamente, independentemente de considerações morais. A sua medida e interpretação deve ser objetiva.
Nosso grande objetivo, dentro deste contexto, é de conhecer profundamente a etiologia da espécie equina e, desta forma, contribuir para adequação e evolução das técnicas de criação de manejo que atendam aos interesses do homem, respeitando-se as necessidades dos animais. Isto implica conhecer profundamente a biologia das espécies domésticas e, também, a definição de atitudes éticas nas relações entre o homem e os animais.
Ao conhecer e respeitar a biologia de nossos animais de produção, melhorando seu bem-estar, podemos obter melhores resultados econômicos, seja aumentando a eficiência do sistema de criação, seja obtendo produtos de melhor quantidade, atendendo às expectativas dos proprietários.
Durante grande parte de suas vidas os animais devem fazer escolha baseadas na avaliação do ambiente e nas suas próprias necessidades. Portanto, dentro dos limites impostos pelos seus genes, devem ajustar o metabolismo, reações fisiológicas e comportamentais, para mostrar respostas adequadas às diversas características e condições do ambiente. Para que isso ocorra, o ambiente deve prover os recursos necessários para a ocorrência dessas respostas, sob pena de ocorrer estresse, decorrente da falha na adaptação do animal ao meio.
Resgatamos aqui o conceito de homeostase, relacionado aos processos pelos quais os organismos mantêm o equilíbrio interno. Em alguns momentos da vida dos cavalos suas necessidades, algumas mais urgentes do que outras; cada uma delas tendo uma consequência, mesmo que rápida e eventual, será um prejuízo no bem-estar”.
Temos um grande aliado: o fator estresse para prevenir e tratar os efeitos negativos da desmama, que causam transtornos severos aos potros e ás éguas, já devidamente conhecidos pelos criadores.
FONTE: Revista Equinocultura Brasileira – Ano 1 – Edição 04 – 2014