b>Desde o mês de julho, a IN-51 adotou novos limites para a qualidade do leite. Agora, CCS e CBT têm como índice máximo 750 mil/ml para as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
No mês retrasado, a vigência da instrução Normativa 51, do Mapa-Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, completou três anos. Desde 2005, as indústrias com o selo do SIF-Serviço de Inspeção Federal vêm monitorando a qualidade do leite cru refrigerado captado junto a seus produtores. Foram estabelecidos limites de contagem de células somáticas (CCS) e contagem bacteriana total (CBT) para os leites tipo A e B, além da obrigatoriedade das análises da composição do leite e de presença de resíduos de antibióticos.
E já no dia 1º de julho entraram em vigor novos parâmetros para as citadas regiões. Os limites, até então, de 1 milhão por ml de CCS e de CBT, caíram para 750 mil/ml. “Nessa nova fase, que arrocha um pouco mais os limites máximos de CCS e CBT no leite cru refrigerado, os produtores e as indústrias vão precisar se empenhar mais para atenderem à legislação”, alerta Luciano Castro Dutra de Moraes, gerente administrativo do Laboratório de Qualidade do Leite da Embrapa Gado de leite, de Juiz de Fora-MG.
Na entrada dos novos parâmetros vale a pena fazer uma análise de como a questão da qualidade do leite evoluiu de julho/2005 a junho/2008 em algumas regiões onde o leite foi monitorado pelos laboratórios da Rede Brasileira da Qualidade do Leite, do Mapa. No caso da região Sudeste, considerando o universo de clientes da Clínica do Leite, da Esalq/USP, em Piracicaba-SP, Laerte Cassoli, gerente do Laboratório, afirma que, infelizmente, que não foi observada uma melhora na média geral.
Um importante ponto, para o qual Cassoli chama a atenção, é que vem aumentando gradativamente o número de laticínios, hoje mais de 30, que já iniciaram algum programa de remuneração do leite pela qualidade. Outro fato interessante é o aumento na freqüência das coletas. “Várias indústrias passaram a fazer mais de uma coleta por mês de cada produtor para melhorar o controle e a precisão das informações”,diz observando que diversas indústrias também iniciaram o monitoramento de resíduos de antibióticos, previsto na IN-51; ainda em número pequeno, mas que vem aumentando mês a mês.
A Clínica do Leite também tem sido contatada por vários laticínios que estão preocupados com os novos limites. Estão buscando ações de suporte e assistência aos produtores para que estes se enquadrem nos novos padrões. “Por exemplo, hoje recebemos amostras de leite de mais de 35 mil vacas/mês de cerca de 700 fazendas, para análises de CCS e permitir melhor balanceamento das dietas”, explica Cassoli.
Quanto aos produtores que ainda não produzem leite com a qualidade estabelecida pela IN-51, ele observa que as indústrias os estão informando sobre a não-conformidade em caráter educativo. “Acredito que a cobrança irá aumentar gradativamente. Essa fase educativa é fundamental para o processo de aprendizado e conscientização dos produtores. Foi o mesmo processo que ocorreu em outros países. Em breve, punições poderão ser adotadas”, ele comenta.
No que se refere à fiscalização, Cassoli ressalta que os fiscais federais vêm fazendo um excelente trabalho, pois periodicamente circulam informações sobre indústrias que receberam as auditorias do SIF. Ele explica que nessas ações são checados desde o cumprimento do envio de amostras para laboratórios da RBQL, até programas de treinamentos dos transportadores, produtores e equipe técnica. “Notamos que esse trabalho vem se intensificando, o que mostra que ‘a busca pela qualidade’ já está consolidada e não tem mais volta”.