“(…) Não adianta vir com guaraná. Pra mim é chocolate! Eu só quero beber é chocolate!(…)”. “(…)- O Senhor aceita um cafezinho? – Não! eu quero chocolate!(…)”.
O cantor Tim Maia nas “repetições” ou nos “pedidos intransigentes” da letra desta sua música, Chocolate, nos transmite uma agradável necessidade por este doce.
“Eu não quero para comer, mas sim para beber, para entornar o copo (como o de uma “birita”?).
Chocolate, sinônimo de energia, combustível! Ele pode se tornar necessário para se melhor produzir, sentir prazer, para “acalmar os nervos”! Quanto mais rico no cacau, puro, original, mais amargo ou menos açucarado (assim, ele só é melhor mesmo para a saúde!). Que delícia ele recheado, em “coberturas”, sorvetes… Ovos de páscoa, caixas de bom-bons! Já estamos cansados de ouvir que ele só faz bem para o coração e para depressão em doses moderadas! Mas alguém conseguiria consumí-lo moderadamente? Todos sabemos que ele aumenta no cérebro a serotonina, responsável pela saciedade e melhora da ansiedade! Para as mulheres tem se tornado especial socorro nos períodos do “sufoco”!
Neste mundo que “se pede” tudo em excesso, trabalho, prazer, sexo, consumismo e até drogadição, seria possível comer-se menos o tão delicioso chocolate, vendido em qualquer esquina?
Alguns estudos especulam uma possível deficiência neuroquímica para os que são viciados ou compulsivos por este “chocolate moderno”, mais doce, e que além do seu efeito estimulante é uma fonte apreciável de açúcar, prazer e “calmante”. Aí sim, pode se encontrar uma das grandes explicações para a instalação da “dependência química” causada por ele! A hiperglicemia, o açúcar elevado no sangue, resultada pelo alto consumo de doces, faz também, se elevar a taxa da insulina, uma tentativa de se evitar o Diabetes, mas causando um novo distúrbio, a Hipoglicemia (açúcar baixo no sangue). Esta, por sua vez, ocasiona sintomas neurológicos muito desconfortáveis, perpetuando assim o quadro de um comportamento compulsivo e desesperado pelos doces e de carboidratos em geral. É assim que se origina a Obesidade abdominal, o Diabetes, e a Hipertensão Arterial, principais doenças hoje relacionadas aos infartos.
Coincidência ou não, o nosso querido Tim Maia morreu de infarto num dos seus maravilhosos shows. Sua morte foi relacionada a arteriosclerose (obstrução das artérias do coração ou do cérebro, pelo “mal colesterol”), uma conseqüência das doenças já citadas. O físico dele e sua face revelavam sinais do seu Diabetes secundário a sua Obesidade, manchas escuras (acantosis nigricans), principalmente ao redor dos seus olhos, “marcas do chocolate”? Sinal dos excessos, ou apenas uma conseqüência nefasta da genética? Talvez estas causas se confluam numa única resposta: a doença, e isto nos faz ter a certeza de uma única coisa: precisamos lutar contra os excessos, inclusive os do chocolate! Boa Páscoa!
Texto escrito por Dr. José O. Cervantes Loli – Médico Endocrinologista & Metabologista / Medicina Psicossomática.
Co – Autor dos livros: “Da mesa farta à mesa de cirurgia” e “Colaborações da Psicologia na cirurgia da Obesidade” (Ed. Vetor).