O Brasil é conhecido lá fora como um país orgânico por natureza e aparece em evidência nas principais discussões mundiais sobre sustentabilidade, economia verde e responsabilidade sócio-ambiental. Segundo dados do Ministério da Agricultura, os produtores de orgânicos nacionais movimentam anualmente US$ 250 milhões, sendo que 70% da produção é vendida para o mercado externo.
Nos últimos dez anos, o setor tem demonstrando um constante desenvolvimento, mas foi especialmente nos primeiros seis meses desse ano que o despertar de toda cadeia produtiva e comercial marcou o progresso dos orgânicos brasileiros. As empresas associadas ao Organics Brasil – criado há três anos com o objetivo de fomentar a comercialização dos produtos certificados no exterior – bateram recorde de movimentação financeira: US$ 29 milhões apenas de janeiro a junho de 2008, o que representa um crescimento de mais de 40% em relação a todo ano de 2007.
Iniciamos os trabalhos do Organics Brasil com apenas 12 empresas do Paraná, e fechamos o primeiro semestre com 61 empresas associadas, instaladas em 13 estados diferentes e produzindo os mais variados produtos orgânicos como: roupas, cosméticos, cachaça, insumos, alimentos e até carvão. Isso mostra o potencial de crescimento dos orgânicos e a importância do aproveitamento desse potencial para o desenvolvimento do país.
Os grandes desafios do mercado no ano passado eram: competir de forma globalizada – valorizando a ética do produto e criando a marca Brasil; e conquistar a regulamentação do setor. Essas barreiras já foram vencidas. Entramos em 2008 com o pé direito: após a publicação da Lei nº 10.831, que regulamentou a agricultura orgânica e possibilitou que os produtores se organizassem e ganhassem credibilidade frente ao comprador internacional.
Outro ponto que contribuiu para o crescimento do setor, foi a conclusão do mapeamento da área brasileira de produção orgânica, desenvolvido com o objetivo de, finalmente, obtermos um número oficial e real das áreas agricultáveis e de extrativismo certificadas. Esse levantamento – feito com o apoio das certificadoras: IBD, Ecocert, IMO, BCS, OIA e Control Union – nos permitiu identificar as potencialidades do país e trabalhar melhor as oportunidades de negócios.
Ainda nesse semestre estivemos presentes das principais feiras internacionais: Biofach Nuremberg – Alemanha; Natural Products Expo West – Estados Unidos. All Things Organic – Estados Unidos e Biofach Shanghai – China. Além disso, fizemos visitas de prospecção em Dubai – conhecido mercado em expansão. Nesses eventos pudemos visualizar a receptividade dos produtos nacionais e conquistamos importantes espaços.
Para os próximos meses, vejo com otimismo as perspectivas de movimentação do setor. Entretanto, para continuar a expansão dos orgânicos, precisamos seguir as tendências comerciais. Para isso participaremos na Sial, em Paris, da Biofach Boston, nos Estados Unidos e traremos 10 compradores das principais redes varejistas internacionais para a Biofach Brasil, que acontecerá em São Paulo em outubro.