Os pretendentes a namorado da Barbie parece não ser apenas o tal do Ken! Os homens obcecados por um corpo malhado, “além da medida”, ao se considerar uma massa física adequada para os padrões de estética e saúde, podem desvirtuar-se nesta tentativa de encontrar uma forma física “ideal”. A essas suas insatisfações que parecem mais psíquicas do que corpóreas, alguns estudiosos vêm a catalogar como uma anorexia nervosa, porém, reversa.
“–Doutor, me sinto magro demais, sem massa suficiente, franzino… tenho que ganhar mais massa muscular… mas para isto eu precisaria que o senhor me prescrevesse um remédio…”.
Desta forma, se o Dr. em questão não prescrever um remédio, o que poderia acontecer ao “tal pretendente a Ken”?
“-O Sr. acha, doutor, que esses complementos amplamente vendidos em algumas academias e também aquelas injeções de hormônio que a gente arruma para comprar, eu poderia estar (ou então, continuar) usando?” A resposta a esta questão talvez poderia ser a compra, normalmente ilícita, da tal “droga”, do remédio, hormônio, que neste caso seria usado incorretamente.
A insatisfação corpórea e a obsessão com o corpo que os “namorados da Barbie” enfrentam pode vir a transformá-los “em usuários das famosas bombas”. Isso os tornaria dependentes de hormônios e medicações que de alguma forma trariam conseqüências negativas aos seus organismos.
Esse mecanismo de “auto-lesão”, ocasionado pela percepção corporal alterada, o que alguns chamariam de “distúrbios de imagem corporal”, traz comportamentos obsessivos de culto ao próprio corpo que é sempre sentido como inapropriado. O “olhar nefasto do espelho” sempre considera este corpo psiquicamente incorreto, julgando-o e punindo-o exageradamente através de exercícios ou alimentos, drogas, e outras impulsividades mais. A esta situação parece se referir o rótulo de “anorexia reversa”, ou seja, um culto contra a magreza e o refinamento excessivos, coisas de mulher, Barbie.
Ambos, “Barbies” e “Kens” são conduzidos por uma concepção equivocada do que seria um corpo saudável.
Para ser homem parece que é preciso ser extremamente musculoso, viver alienado em torno dos exercícios e da estética. Os aspectos saudáveis que oferecem muitas academias e o beneficio trazido pelo exercício físico e pela musculação passam então a ser desvirtuados.
Que os homens possam ter o cuidado e sensibilidade para não exigir de suas namoradas um “estilo Barbie” e que estas os venham complementar com uma sensatez sobre o que se espera de um corpo saudável.
É preciso refletir sobre uma consciência corporal mais adequada neste momento cultural onde se pede para expor, “até os ossos”… para quê? Necessidade de maior satisfação interna, psíquica, extrapolada para uma mensuração apenas externa, sobre o corpo? O olhar sobre o externo para não se tocar no interno? O que se fazer? Esta é uma pergunta intrigante dos tempos modernos que se paira no ar… Com certeza, esses sofrimentos e disfunções deslocadas para o corpo necessitam de um tratamento adequado!
Fonte: José O. Cervantes Loli
Médico Endocrinologista e Metabologista. Membro da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia). Membro da ABMP (Associação Brasileira de Medicina Psicossomática-SP)
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