Perdas na produção de carne, leite e derivados. Além disso, o carrapato-de-boi (Boophilus microplus) afeta a indústria coureiro-calçadista, gera despesas com instalações apropriadas e gastos com produtos químicos e manejo. E há mais: o ectoparasita faz com que se causem danos ambientais, já que exige elevado uso de carrapaticidas, e transmite os agentes da tristeza parasitária bovina (TPB). Segundo o médico veterinário João Ricardo Martins, do laboratório de parasitologia do Instituto de Pesquisa Veterinária Desidério Finamor, localizado em Eldorado do Sul (RS), a TPB é responsável “pelos maiores índices de mortalidade dos nossos rebanhos”.
Um dos agentes etiológicos da TPB é o Anaplasma marginale, juntamente com os hemoprotozoários Babesia bovis e Babesia bigemina. Esses agentes parasitam o sangue do animal, manifestando-se febre, anemia e hemoglobinúria (urina com sangue). O animal contaminado perde o apetite e, conseqüentemente, o peso. Se a enfermidade não for detectada a tempo, ele pode morrer.
Não faz muito tempo, o controle dos carrapatos era feito com o emprego de arsênico. Depois, chegou a vez do uso de DDT e BHC. Hoje, devido a acidentes e intoxicações, às vezes até com morte de animais, outras substâncias são utilizadas como carrapaticidas.
Buscam-se, ainda, novas alternativas. Para o médico veterinário Hander Antônio Oliveira, o tratamento homeopático preventivo seria uma alternativa, pois proporcionaria “mais vitalidade ao animal e deveria ser sempre a primeira opção de tratamento, por não deixar resíduos na carne nem na pessoa que manipula o medicamento”.
Essa opção foi adotada, por exemplo, na Fazenda Santa Helena Nelore Água Bela, que fica na cidade de Talismã, Estado de Tocantins. A criação ali é de aproximadamente 1,2 mil cabeças de gado PO. Mas não foi a primeira opção. De acordo com o gerente, Marconi Pereira, antes só eram utilizados na propriedade medicamentos convencionais para o controle dos carrapatos. Ele garante que nos primeiros dias de aplicação os carrapatos “sumiam”. No entanto, algum tempo depois a infestação voltava, “ainda com mais força”.
“Depois de inserir no sal mineral o Fator C&MC, foi feita a ‘prova dos 13’, quando foi comprovado que os medicamentos homeopáticos realmente funcionam e controlam os carrapatos”, informa Pereira. O medicamento citado por ele é fabricado pelo Laboratório Veterinário Homeopático Fauna & Flora Arenales. A diretora do laboratório, Maria do Carmo Arenales, esclarece quanto à chamada prova dos 13: “Refere-se aos trabalhos científicos que sempre realizamos em parceria com instituições de pesquisa”.
Pereira assegura que, atualmente, a fazenda “tem uma produção sustentável, sem grandes infestações de carrapatos e um manejo muito melhor”, e isso teria facilitado até mesmo o trabalho dos peões, que “antes tinham de ficar fazendo pulverizações”. O medicamento usado pelo gerente é complementar não apenas para o controle de carrapatos, mas também de moscas-do-chifre, moscas-domésticas, bernes e vermes.
O ciclo do parasita
São quase 800 espécies do ectoparasita hematófogo espalhadas por toda a Terra, em áreas rurais e urbanas. O carrapato é considerado um dos principais vetores de muitas doenças transmitidas tanto aos animais quanto ao homem, por meio de vírus, protozoários, bactérias e riquétsias. O seu ciclo de vida apresenta quatro estágios: ovo, larva, ninfa e adulto.
O Boophilus microplus caracterizado como carrapato de um hospedeiro, começa a agir sobre o boi já na fase de larva e vai crescendo até ficar ingurgitado, ou seja, repleto de sangue. As fêmeas (que se alimentam sempre de sangue; os machos raramente), quando ingurgitadas, caem ao solo para pôr os ovos. Cada fêmea põe entre 3 mil a 5 mil ovos. E, logo depois, morrem.
Especificamente no Brasil, além do carrapato-de-boi, as espécies mais comuns são carrapato-de-cavalo (Amblyomma cajennense) ou carrapato-estrela (quando adulto), cu