O consumo de produtos orgânicos é uma recomendação que vem sendo divulgada por médicos como forma de manter uma vida saudável. Há indicativos de que alimentos sem agrotóxicos podem ajudar a evitar a ocorrência de câncer no organismo. “Por mais que o custo seja um pouco elevado, é algo que pode sair barato no futuro”, comenta o oncologista Jeferson Vinholes.
Para promover a produção de orgânicos, o governo federal vem fazendo campanhas na mídia. Além disso, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) prepara um sistema de certificação deste tipo de alimento. Um selo único – para todo o País – deve ser fixado nas embalagens a partir do primeiro semestre do ano que vem.
O modelo foi definido em um decreto assinado pelo presidente Lula em 2007. “O Brasil conta agora com uma legislação específica para os orgânicos, que criou regras para que este mercado possa ter garantia de segurança. Queremos que o consumidor se sinta seguro ao comprar um produto, sabendo que ele segue os princípios que a agricultura orgânica apregoa”, afirma o coordenador de Agroecologia do Mapa, Rogério Dias.
Segundo ele, a nova lei também é uma maneira de evitar que “pessoas mal-intencionadas se aproveitem de uma onda positiva dos orgânicos para vender produtos que não têm nada disso”. “Isto acabaria iludindo o consumidor e colocando em risco a credibilidade da produção, prejudicando quem produz com seriedade. Por isso, o processo vai passar a ser auditado”, confirma.
Dias destaca ainda que a maioria da população brasileira ainda tem pouco conhecimento sobre o assunto. “Muitos se limitam a achar que são apenas alimentos sem agrotóxico. A gente quer mostrar que é muito mais do que isso. Tem toda a preocupação com a biodiversidade, com a água, o solo e as relações sociais dentro do ambiente de trabalho.”
Mas para dar início ao processo de certificação, o Mapa quer cadastrar todos os produtores de orgânicos do Brasil até o final de 2009. “Só assim poderemos saber quantos são, onde atuam e de que forma produzem”, explica.
Conforme estimativas de três anos atrás, 15 mil agricultores trabalham no sistema agroecológico em cerca de 800 mil hectares. “Sem dúvida que este número está defasado. Somente no Paraná, o governo estadual divulga que existem 5,3 mil produtores de orgânicos.”
O Mapa reconhece a existência de gargalos “que acabam deixando o preço desses alimentos mais caros do que os demais”. “Temos um número ainda reduzido de produtores e que estão espalhados, o que encarece o transporte. Queremos ampliar o mercado atacadista para reduzir estes custos, aliando com as políticas públicas de incentivo aos orgânicos que estão sendo implantadas em diversos ministérios”, afirma.
Com os agricultores cadastrados, o Mapa espera aumentar o número de pesquisas e também de mecanismos de crédito. “Precisamos de mais dados e técnicas para que os produtores não tenham tantas dificuldades no processo de conversão para a produção orgânica.” Entretanto, Dias lembra que a situação não se resolve no curto prazo. “A assistência técnica é outro grande problema, pois na formação os profissionais saem apenas com a visão da agricultura convencional. Então há muitos produtores que querem passar para a agricultura orgânica, mas não encontram técnicos para dar este acompanhamento”, analisa.
Boato na internet ajuda a divulgar cartilha educativa
A internet é uma das grandes fontes de informação do mundo moderno. Ao mesmo tempo, a rede virtual também é responsável por espalhar boatos que estão bem longe de se tornar realidade.
Um dos mais recentes diz respeito à cartilha educativa que o Ministério da Agricultura (Mapa) lançou sobre a produção de alimentos orgânicos. E-mail sem assinatura circula pela internet acusando a empresa Monsanto (gigante do setor de biotecnologia) de ter entrado com uma ação na Justiça para impedir a distribuição do material. O boato ganhou tanto destaque que a própria empresa emitiu uma nota negando que esteja