Como diziam nossos avós, sobre nossos ancestrais, “seu avô era uma pessoa boa, mas tinha um gênio…”. Como dizem nossas mães e esposas sobre seus maridos: “Bem que dizem, filho de peixe, peixinho é, se eu soubesse não teria me casado.”
Os imigrantes italianos, espanhóis, portugueses entre outros, podem ter vindo para a América devido aos seus instintos desbravadores, impulsivos. Aventureiros, não podiam viver sem novidades e eram movidos pelo estresse constante do dia a dia. Será que se sentiam não poder “cair em depressão”, diante das condições hostis de vida que viviam? Talvez seja esta uma das possíveis explicações para muitas imigrações e para a alta incidência de casos de bipolaridade na sociedade moderna americana. Esta, de grosso modo falando, é um transtorno de humor relacionado à depressão e crises de explosão emocional com ou sem agressividade, um comportamento excessivamente forte frente a acontecimentos considerados banais. Talvez uma ânsia de se conseguir tudo muito rápido e a qualquer custo, comprometendo os que estão do lado, conjugues, maridos. A adrenalina pode ser o que realmente mova muitas destas pessoas consideradas “difíceis de se lidar”. E quando se necessita da adrenalina em excesso, mobiliza-se um grande arsenal de hormônios, ditos do “stress”. Seria uma tentativa de se vencer batalhas incessantes, muitas vezes criadas sem muita necessidade. É assim que nessas pessoas a saúde pode começar a se deteriorar, surgindo o alcoolismo, o tabagismo, a diabetes, a obesidade, que culminarão com os infartos e mortalidade precoces.
E assim surgem os questionamentos: “Porque se trabalhar tanto se nem se quer vemos nossos filhos crescer e ignoramos a força que vem de Deus?”. Já não brincamos mais com nossos filhos, nem subimos em árvores e nem se quer balançamos com eles num balanço. Como diria o poeta Rubem Alves: “Se os papas, os papais e os governantes balançassem mais, seriam pessoas mais leves, livres e felizes! Poderiam então coordenar a vida de seus filhos, fiéis e súditos de uma forma mais tranqüila e segura”.
Parece mesmo que o temperamento dito “forte” deve é esconder uma grande fragilidade psíquica. Deve-se pensar então até que ponto este sofrimento faz parte apenas de uma característica da personalidade, genética, suportável, ou seria justo e necessário uma medicação que melhorasse o sofrimento e o humor da pessoa que sofre e de todos os que a rodeiam. Deve se fazer o diagnóstico correto da bipolaridade para se melhor tratá-la abreviando-se assim, as suas seqüelas pessoais e familiares.
<b>Fonte: </b>Dr. José O. Cervantes Loli
Endocrinologista, Metabologista e Medicina Psicossomática.
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