Devido às constantes descrições de cepas de carrapatos resistentes aos produtos químicos comerciais, assim como às preocupações com a contaminação ambiental, a demanda por métodos alternativos para o controle do Boophilus microplus tornou-se uma realidade mundial. O uso de medicamentos homeopáticos e isoterápicos é uma alternativa, pois não há relatos de resistência de patógenos à terapia homeopática, além de não gerarem resíduos tóxicos ao meio ambiente. Este trabalho teve como objetivo testar o uso de um complexo comercial de isoterápicos (Fator C&MC Boophilus microplus, amblyomma cajennense, Haematobia irritans, Musca doméstica, Bunostomum sp, Haemonchus contortus, Haemonchus placei, Nematodirus sp, Oesophagostomun sp, Strongyloides sp, trichostrongylus axei, Trichostrongylus colubriformis, Trichuris sp, Eimeria sp, Cysticercus cellulosae, Dermatobia hominis, todos CH12) para o controle do B. microplus em bovinos naturalmente infectados. Os animais apresentam menor número de teleóginas que os do grupo controle não tratado com carrapaticida (P<0,05). Não houve diferença significativa na contagem de ectoparasitos entre os tratamentos com isoterápico e amitraz (P>0,05). O uso de isoterápico mostrou-se promissor para o controle alternativo de B.microplus em novilhas.
Palavras-chave: isoterápico: carrapato: controle alternativo: novilhas.
Introdução
O carrapato ( Boophilus microplus) é um dos principais problemas sanitários em rebanhos bovinos, sendo encontrado nas regiões tropicais e subtropicais do planeta (Willadsen e Jongejan, 1999). A eficácia dos carrapaticidas é limitada e a sua utilização pode acarretar, além da resistência aos produtos químicos utilizados, a presença de resíduos nos produtos e subprodutos dos animais tratados. Tratamentos alternativos, como a homeopatia, têm sido preconizados.
O tratamento de um grupo de indivíduos com a mesma doença é descrito por Hahnemann (1995) como Genius epidemicus. A Homeopatia (tratamento pelo semelhante) não pode ser confundida com isopatia ou Tautopia. Entretanto, esses métodos podem seguir a farmacotécnica homeopática, como neste experimento.
Os isoterápicos são produzidos a partir do agente causador da doença ou do desequilíbrio. Para este fim, são utilizados organismos vivos, diluídos e dinamizados segundo a farmacopéia homeopática.
O objetivo deste trabalho foi avaliar o uso de um complexo isoterápico comercial no controle da infestação natural de carrapatos em fêmeas da raça Purunã do rebanho bovino da Estação Fazenda Modelo, Iapar, Ponta Grossa, PR.
Material e métodos
Delineamento experimental
Para a avaliação do tratamento alternativo, foram utilizados três grupos (Gl: controle não tratado; Gll: tratado com a amitraz e Glll: Tratado com isoterápicos). Cada grupo era constituído por nove animais, com idade inicial entre 12 e 14 meses. O período experimental foi de 12 meses.
O grupo de Gl não foi tratado com carrapaticida. Os animais do grupo Gll foram banhados quatro vezes, durante o período experimental, com amitraz (banheira de imersão com 1L do produto em 1000 L de água), em dias estratégicos (épocas mais quentes do ano), com intervalo mínimo de 21 dias entre os tratamentos. O grupo Glll recebeu o complexo comercial (Fator C&MC, Arenales Fauna & Flora), contendo os isoterápicos Boophilus microplus, Amblyomma cajennense, Haematobia irritans, Musca doméstica, Bunostomum sp, Haemonchus placei, nematodirus sp, Oesophagostomum sp, Strongyloides sp, Trichostrongylus axei, Trichostrongylus colubriformis, trichuris sp, Eimeria sp, Cysticercus cellulosae, Dermatobia hominis, todos dinamizados na CH12, veiculo sacarose qsp 100g, preparados de acordo com a Farmacopéia Homeopática Brasileira (1997). O produto foi previamente misturado na proporção de 400 g em 25 Kg de sal mineral comum. Desta mistura, foi fornecido aos animais junto ao concentrado, a quantidade de 100g/dia, correspondendo à dose de 1,6g de complexo/animal/dia.<
