Os protocolos para o tratamento de doenças, geralmente são baseados num quadro clínico bem definido, exato, só favorecendo tratar-se através de um diagnóstico que poderá ser tardio, deixando de se beneficiar pelos aspectos subliminares (sutis) que muitas doenças oferecem. Muitas vezes não permitem poupar indivíduos aparentemente sem doenças, mas já doentes, de seqüelas graves para o futuro.
Trata-se de uma fase onde o paciente procura o médico com alguns sintomas vagos, com tonturas, mal estar, apatia, e os resultados laboratoriais veem sempre mostrando um diagnóstico “negativo”. É assim que o paciente acaba saindo do consultório com um: “Você não tem nada”! No entanto, o próprio paciente já intuiu que ele “tem alguma coisa”…
É o que vemos, por exemplo, na propensão à obesidade, em perfis pessoais ansiosos, propensos a fazer dietas e com baixa auto-estima. Ou em pacientes com características de um transtorno bipolar ou do humor, onde se evidencia crises de irritabilidade em pessoas já consideradas “explosivas”, passando muitas vezes a ter comportamentos auto-lesivos, não discriminados com patológicos (doentios), lesando também aos seus familiares, com alguns comportamentos impulsivos (jogo, álcool, direção de automóveis em alta velocidade, sexo compulsivo, traição, etc). Podemos observar a mesma situação no hipotireoidismo, onde a glândula tireóide apresenta um “baixo funcionamento”, porém vagaroso, podendo levar anos para se instalar completamente, gerando repercussões negativas progressivas na vida do paciente, como o bócio (“papo” ou aumento de volume da tireóide), além de algumas características laboratoriais iniciais muitas vezes não investigadas: o ultra-som já poderia vir alterado e os anticorpos sanguíneos, quando requisitados pelo médico, especialmente em casos de problemas de tireóide na família, positivos “contra” esta glândula. Com isto estaríamos poupando o paciente de transtornos futuros e desnecessários, como problemas sobre a pele (manchas, envelhecimento precoce), queda de cabelo, unhas fragilizadas, obesidade, além do aumento de colesterol, e risco um aumentado para infartos.
Poderíamos falar de inúmeras propensões às doenças. Mas o que nos cabe discutir aqui, é o que a medicina pode fazer além, diagnosticando-as mais cedo. Se nos anteciparmos a um diagnóstico escutando os “seus avisos” podemos permitir que a beleza, a qualidade de vida, a saúde, não nos sejam roubadas abruptamente; e que continuem sendo uma graça, apesar da tendência aos adoecimentos.
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Dr. José O. Cervantes-Loli
Endocrinologista & Metabologista
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