Várias invenções e descobertas importantes são obra do acaso. A história da criação do pneu também é fruto dessas ironias do destino. Tudo começou quando o cirurgião veterinário escocês John Boyd Dunlop, cansado de ver o filho machucado devido às constantes quedas de um triciclo, lançou mão de suas habilidades com peças de borracha (que ele usava para imobilizar animais) e colocou um tubo de látex grosso e inflado com ar no lugar da roda dianteira (as duas eram de madeira) do brinquedo. Isso foi em outubro de 1888.
Dois anos depois, Willie Hume ganhou a principal prova de ciclismo da Irlanda usando uma bike com pneus de borracha feitos por Dunlop. Isso chamou a atenção de Harvey Du Cros, presidente da associação local de ciclistas, que rapidamente comprou os direitos da parte do inventor.
A história ganhou novo impulso com a descoberta, também por acaso, do processo de vulcanização atribuída ao norte-americano Charles Goodyear, por volta de 1830. As peças, que até então não passavam de rolos de borracha inflados, se transformaram nos pneus diagonais, amplamente utilizados a partir de 1898. Entre os pontos negativos estavam a dureza excessiva e as baixas durabilidade e resistência.
O mercado carecia de pneus que lidassem melhor os buracos e imperfeições das ruas e suportassem cargas mais severas. Um novo salto ocorreu em 1946 com o pneu radial, criado pela Michelin. Como a marca francesa havia comprado a conterrânea Citroën em 1934, rapidamente passou a mostrar nas ruas as vantagens da novidade que dominaria o mundo.
E, como a evolução não para, já há conceitos de pneus com filamentos internos inteligentes, que não precisam ser enchidos com ar, não furam nem rasgam. Pneus com sensores também surgem como parte do desenvolvimento das tecnologias de condução autônoma, que dominarão o mercado de veículos em breve.
(Fonte: Jornal Folha de São Paulo)